Olá a todos, como tem passado? Espero que bem! Na edição anterior, a pedido do Rev. Masato, começamos a falar sobre discriminação impulsionado por sua reflexão com as frases “isso é Budismo Shin, aquilo não é Budismo Shin”. Dentre várias causas que me faz pensar nesse tema, comecei por aquela produzida pelo medo. Hoje pretendo falar pela comparação e julgamento daquilo que se acredita ser errado/certo ou melhor/pior pelo simples fato de ser diferente. Problemas de xenofobia (aversão ao estrangeiro) são assuntos espinhosos em vários países europeus por conta dos refugiados de guerra e conflitos sociais. Vemos ao longo da história humana, e mesmo atualmente, denominações religiosas impondo-se como superiores e únicas adotando uma atitude julgadora invalidando crenças alheias. A isto chamamos de intolerância religiosa, felizmente mitigada por leis. Ao discriminar, perdemos uma parte do nosso valor como humanidade.
Entendo que a comparação também seja uma das bases para a discriminação. A comparação provoca uma mistura de sensação de insegurança com a certeza da superioridade ao perceber as diferenças entre si e o outro comparado. Das diferenças vem os critérios, os julgamentos, os rótulos, os valores e classifica o outro por sua régua referencial. O Buda Shakyamuni nos esclarece sobre a construção da percepção da realidade e da identidade do eu pelos Cinco Agregados (Skandhas): forma, sensações, percepções, formações mentais e consciência. É por meio deles que interagimos na experiência da vida na condição humana. A criação deste eu produz apego à existência, contempla a si de tal forma que nos lembrar o mito grego de Narciso, e do apego resulta o temor ao outro como fosse uma ameaça potencial. A somatória da comparação, do medo e do julgamento deriva à discriminação. E o resultado leva ao sofrimento e a violência (mental e físico) e mesmo ao suicídio. Certamente, o assunto é inesgotável e nosso espaço aqui é curto e convido-os a desenvolver o tema junto às suas comunidades e templos.Como budistas, precisamos aprofundar o assunto e promover a não discriminação em nossa sociedade.
A base dos sofrimentos possui a régua das comparações, isso é fato. Comparamos o tempo todo, em pequeno, médio e alto grau. Basta ir a uma academia de musculação, à feira escolher a melhor fruta ou pensar a qualidade de vida entre países. Na França renascentista, as salas de espelhos dos palácios permitiam os convidados trocar olhares para saber como estavam vestidos e com quem estavam acompanhados. A vaidade e o orgulho são irmãs da comparação e do julgamento e primas da discriminação. E você, quando se depara com uma outra pessoa ou situação diferente da sua referência de vida, que pensamentos vem à mente? Como você reage a eles? Um abraço e até a próxima edição.
Sou nissei nascido em 1950 como quinto filho do total de oito. Mas meu irmão mais velho e o terceiro irmão já tinham falecido quando nasci. Dizem que, em 1941, quando o primeiro filho faleceu com 40 dias de vida, meu pai escreveu 南無阿彌陀佛 (NAMU AMIDA BUTSU) num pedaço de tábua e o ergueu sobre uma caixa para transportar laranja e todos juntos realizaram a cerimônia fúnebre. Como naquela época ainda não havia um monge do Budismo Shin no Brasil, ouvi dizer que o meu avô materno oficiou a cerimônia budista como se fosse um monge e que a partir daquele dia, ele passou a receber chamado sempre que surgia um funeral na vizinhança. Já me perguntaram várias vezes se eu era budista, desde a época em que frequentava a escola primária localizada no meio do cafezal. Acho que sempre respondi que sim.
Entretanto, pensando hoje aos 71 anos de idade, às vezes tenho dúvida se realmente sou um budista. A minha rotina diária começa com a realização do ofício budista junto com a minha esposa e minha irmã mais nova. Encerramos o ofício ouvindo a pregação transmitida pelo rádio, cuja gravação consta no site do Santuário Central em Quioto. Depois, no entanto, quase nunca me lembro das pregações ouvidas e passo o tempo restante do dia, sofrendo com os fatos que ocorrem em desacordo com o que gostaria que acontecessem. Sempre que reflito sobre esse meu comportamento, surge a dúvida se isso é de fato uma atitude de uma pessoa que quer se tornar buda. Nos dias atuais, de vez em quando me vem à memória a pregação ouvida num Congresso Dôbô que participei há anos, quando o mestre nos ensinou: “Tornar-se buda recitando o Nenbutsu, eis o que é o Budismo Shin”.
本日2021年9月6日午前5時頃、南米開教区開教使Ricardo Mario Gonçalves師がご逝去されました。師は1981年に得度され、1986年から現在に至るまで35年間、開教使として、また南米教学研究所の研究員として南米開教区における教化活動の中心となりご活躍いただきました。その活動は大谷派だけにとどまらず、今日ではブラジルにおける仏教研究においても多大な功績を残されております。